A mulher que revolucionou a Saúde Mental no Brasil e o tratamento da loucura nos manicômios
A brasileira pioneira do uso da arte no tratamento de transtornos mentais no manicômios. Grande admiradora da teoria de C.G. Jung, Nise sustentava uma visão muito singular e contrária ao tradicionalismo psiquiátrico da época, de que a psicopatologia seria uma outra forma de experimentar e existir no mundo. Nise acreditava na totalidade das pessoas e via como meio de transformar a vida de seus pacientes o conhecer de suas interioridades, de suas expressões, fundamentalmente por meio da arte, a qual era tão apaixonada.
Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: Vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas ajuizadas
Sua História
Nise da Silveira nasceu no estado de Alagoas, na cidade de Maceió em 1905 e faleceu em 1999, deixando história na medicina tradicional. Formou-se médica pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1926, em uma turma composta apenas por homens, em um período ainda mais conservador do que o que vivemos hoje. Entre 1936 e 1944, Nise foi presa pelo do Estado Novo de Getúlio Vargas, acusada de práticas comunistas, retornando suas atividades em 44, quando foi readmitida para atuar no Centro Psiquiátrico Pedro II.
Ao ser contratada pelo Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro, se recusa a usar eletrochoques, camisas de força e isolamentos. Assim, logo arrumou inimizade e foi transferida para o setor de Terapia Ocupacional. O que era para ser um “castigo” acabou ajudando-a a revolucionar o tratamento das doenças mentais. No lugar de todas as terapias violentas, os pacientes recebiam pincel e tinta para se expressarem. Além de ser um canal de comunicação com o mundo, os doentes eram novamente inseridos na sociedade com admiração e respeito.
Por 28 anos, Nise dirigiu o Setor de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação do antigo Centro Psiquiátrico Pedro II, hoje Instituto Municipal Nise da Silveira, desenvolvendo atividades que estimulavam os pacientes, aumentando sua interação com o meio, ao usar de diversas formas artísticas para expressão do próprio ego. Hostilizada por suas ideias inovadoras, por seu desejo de desconstruir o modelo vigente de tratamentos agressivos e torturadores, os ideais de Nise foram a porta de entrada para a humanização dos hospitais no Brasil.
Nise da Silveira foi fundamental para repensar as práticas psiquiátricas e o tratamento de sofrimento mental no Brasil, ofereceu contribuições importantes à clínica e ao campo da Saúde Mental que ecoam até hoje. "É necessário se espantar, se indignar, e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade" (Nise de Oliveira)